O que foi que fizemos ontem? Teve algum significado para nós? Serventia ou identidade?
Vivemos de forma mecânica, impensada, buscando soluções que não contemplam as necessidades atuais, pois tudo muda, de forma rápida, quase instantânea. Estamos deixando marcas na história, mas ao contrário dos nossos antecessores, corremos o risco de não deixar alguém que possa conhecer a nossa história.
Aprendemos com os livros, com as antigas experiências de nossos antecessores, mas não aprendemos com a atualidade dos fatos. Perdemos a capacidade de ler os sinais do tempo, de ler as escritas mais valiosa de todas. As escritas da Vida e da Natureza. Temos verdades que não deixamos de cultuar, para não termos que iniciar do zero, para que não tenhamos que dizer-nos pobres.
Nossas ações são superficiais, visíveis em matéria de existência, porém, impensadas em matéria de sobrevivência. Não sabemos ver o óbvio, o quanto cada uma de nossas ações, impensadas, nos prejudica. Somos a espécie que mais destrói o planeta, seus recursos e a própria espécie. Somos tolerantes com tais atitudes, uma vez que essas nos alimenta no presente.
Mas pensar o presente representa, também, voar para o futuro. E que futuro estamos construindo para que possamos sobrevoá-lo? Colocamos, em nossos currículos, as ações que desempenhamos hoje, mas pouco colocamos da continuidade dessas ações, pois pressupomos que elas evoluam, mas tememos que seja por mãos de outros e que tenham melhores resultados.
Minamos as possibilidades de evolução, queremos estar registrados nos fatos, presentes em cada etapa dos acontecimentos, mas como pessoa principal. Modificamos o mundo como se ele fosse individual, de cada um de nós. Temos a necessidade de aparecer, de crescer perante tudo, de evoluir... Mas essa forma de evolução não é tão sadia assim.
A minha liberdade de ação implica em reconhecimentos, de mundo, de comunidade, de sociedade e de populações. Consumimos pelo simples fato de pensarmos a liberdade como ostentação. Evoluímos no impedimento de evolução do que está à nossa volta. Pensamos um poder que não temos, e lutamos contra forças que só nos quer ver bem. A Vida sempre floresce para nós, mesmo perante as dificuldades que nós lhe impomos.
Temos grande necessidade de eliminar os sinais da nossa ignorância, não deixando rastros que indiquem a nossa inferioridade perante tudo. Produzimos "agora's" passageiros, voláteis e solúveis. Produzimos instantes de satisfação no pensar o próximo agora, que será utilizado para pensar novos agora's que ainda virão. Não vivemos o presente, mas fazemos do presente um exercício de planejamento de futuros, futuros que se tornam passado de forma muito frágil, que tem que ser repensado no próprio nascimento. Temos presentes que já foram e futuros muito presentes e passageiros.
Foi assim que aprendemos e assim ensinamos aos nossos filhos... Se comparássemos o nosso futuro ao desenvolver de uma criança, nosso futuro seria distante, tão distante que bastaria brincar o agora, viver o presente. Mas mesmo em nossas crianças, também assim não o fazemos? Não somos capazes de pensar um estar presente em nome de um futuro distante, ao invés de colocar tal futuro no presente atual?
E o que ensinamos, de fato, para nossos filhos? Como preparamos as nossas crianças para assumir o mundo que oferecemos para elas, isolando-as?
A criança merece ser pensada com sujeito que vive tempos presentes. Merece aprender aquilo que é compatível com o seu agora, merece ser desafiada, mas gratificada pela permanência na inocência e na ignorância da infância. A primeira educação deve pautar pelo amor e harmonização, humanização e os princípios da evolução da Vida.
O mundo não é duro, nós o tornamos impermeável e sólido, uma vez que não temos a iniciativa de penetrá-lo em cada momento da sua existência.
Paz e luz à todos...
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