O que
propomos é uma educação para o entendimento do meio físico como conjunto vivo,
formado pela existência mútua de atores e de atuações que constituem uma
paisagem ocorrente no espaço urbano.
Todos os
elementos existentes se completam, montam e desmontam uma receita única que
proporciona a existência da vida. Nada é obsoleto na Terra, tudo se encaixa em
proporções meticulosamente controladas por uma regra natural que favorece a sua
existência.
O corpo
humano é formado por diversas células diferentes, cada célula constitui um
organismo vivo cuja população forma um tecido. Cada tecido contribui para a
formação de um órgão do corpo humano, que por sua vez, faz parte de um aparelho
que compõe o organismo humano.
A falta
de qualquer órgão do corpo acarretará em limitações perante a
sobrevivência de qualquer ser. O corpo se adapta às necessidades de sobrevivência
perante à algumas ausências, em alguns casos as limitações existem, mas são
aparentemente imperceptíveis, em outras, nem tanto.
Imaginemos
a Terra, cuja constituição se assemelha ao esquema descrito anteriormente, como
um indivíduo vivo. A nossa existência consiste na construção de algum tecido
que favorece algum processo de manutenção da vida da Terra.
As
limitações impostas aos processos de existência humana nas áreas urbanas são
consequências das falhas ocorrentes no próprio processo de organização social.
Somos um tecido falho na estrutura orgânica da Terra. Toda e qualquer
enfermidade que nos afligi, acontece principalmente pela forma desorganizada pela qual nos propomos a coexistir em nossas funções, vistos como células que compõem um tecido do organismo terrestre.
Observando
a paisagem urbana moderna, sua superficialidade consiste da aquisição de
recursos oriundo de outros órgãos do conjunto Terra. As cidades são grandes
centros de acumulo de recursos, extraídos de outros locais para a sua
sobrevivência. Mas como dito anteriormente, a receita é única. Tudo o que sobra
em um determinado local ou atividade faltará em outro.
A
constituição da Terra como organismo vivo é dependente da redistribuição de
seus elementos e de forma equilibrada. Nada pode faltar ou sobrar em determinado
ponto de sua formação. Assim como no corpo humano, a falta ou excesso de
hormônios, por exemplo, afetam o equilíbrio fisiológico do indivíduo.
Imaginemos
a Terra como é, dependente de seus animais, minerais e de sua vegetação. A existência da Terra como ela é, está condicionada
à alimentação, sobrevivência e interação dos seres vivos nela existentes- inclusive o homem- para a sua plena manutenção. Assim, a alimentação
humana nos centros urbanos se origina na retirada de componentes oriundos de outras constituições e em outros locais da Terra, limitando então a sua existência. Como a população humana cresce de forma desproporcional, sua alimentação atrofia áreas de cultura e suas sobras alimentícias
constituem inchaços em determinados pontos do organismo terrestre.
Sendo
que o homem exerce alguma função na fisiologia da Terra, sua existência
consiste na mutação deste organismo, como um indivíduo que, por adversidade
genética, concentrasse a recepção de nutrientes para a formação do seu crânio,
limitando a sua distribuição para os demais componentes da sua estrutura. Neste
caso, teríamos um indivíduo de aparência estranha, com cabeça desproporcional e
demais membros atrofiados.
Assim se
faz a existência da estrutura Terra. Cada parte da sua receita é proporcional a
quantidade de componentes necessários. Nada deve faltar ou sobrar da engenharia
natural que mantém a Terra viva e equilibrada e em constante transformação.
Embora
se alinhe a educação ambiental aos aspectos naturais da existência do planeta e
a ecologia externa ao artifício urbano, o homem e toda a tecnologia existente
caracterizam uma mesma realidade ecológica, onde a sua exclusão do sistema
natural implicou no atrofiamento das demais parcelas constituintes do conjunto, gerando incapacidades funcionais.
Assim, a
educação ambiental deve configurar uma atividade para a reintrodução do homem ao
contesto ecológico, como células de um organismo vivo maior do qual ele participa,
em um sistema de dependência mútua. Sua introdução deve favorecer a informação
do papel que o ser humano exerce dentro do organismo vivo que é a Terra, a educação deve agir
como a identidade genética de cada célula humana, coordenando as suas funções no contesto de
formação de um sistema, pressuposto para a regeneração dos tecidos sociais e
ambientais de forma equilibrada e fortalecida.
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