Embora previsto em legislação, a finalização de aterros
sanitários nos moldes atuais, finalizando vários tipos de lixo em um local,
mesmo que “tecnicamente seguro”, sua efetivação ainda é uma incógnita de mera
formalidade. Campanhas como a do Estado de São Paulo que decidiu finalizar o
uso das sacolas plásticas nos supermercados fomentam discussões acirradas. Para
uma sociedade acostumada às praticidades da vida moderna, qualquer intervenção
que atinja a sua comodidade surge como penalidade, quando não somos capazes de
discernir sobre as reais intenções e as reais consequências dos atos que nos
ocorrem. Somos merecedores de algo mais do que os discursos e as teorias comprometidas, mas que só mitigam problemas dos quais desconhecemos a gravidade. E não devemos culpar políticos ou classes dominantes, somos acostumados à acreditar naquilo que queremos, e assim nos falam tudo aquilo que queremos ouvir.
Assim eu acredito que certas teorias tendem a ser orientadas através da
prática, e em matéria de lixo, as verdades não podem estar escondidas nas vontades políticas partidárias. Pois é a realidade que proporciona uma melhor
movimentação social, enquanto a “qualidade fictícia” gera comodidade. Há de se falar
dos problemas, apesar das conquistas, pois só um conhecimento real das situações locais sera capaz de mobilizar pessoas e mudar atitudes.
Ainda em relação as sacolas, outro problema bem comum é o da associação ao direito
individual de outrem, não compreendemos que as sacolas que recebíamos, não eram
doadas como justifica a propaganda, seu custo esteve e ainda está incluso no
serviço prestado, ou seja, pagamos a sacola, mas não vemos. É lógico que ao abolir
as sacolas plásticas e introduzir outros tipos de sacos plásticos para a
destinação do lixo não resolverá o problema, mas para quem compreende a ação, a minimização dos problemas é expressiva. A quantidade de lixo gerado pelas populações é imensa e na necessidade de finalização, compromete a manutenção das áreas de finalização, onde aterros sanitários acabam controlados, os controlados acabam como lixões e os lixões continuam estagnados, pois os recursos são cada vez mais limitados para atividades cada vez mais complexas. Ainda que fossem bem direcionados, os problemas não acabariam, seriam fantasiados.
A comodidade é uma das principais causas da degradação, o
homem degrada por que é cômodo não impor questionamentos, não acarreta em
“perdas pessoais”. Não que a regra seja degradar, mas aprendemos a ter certas
comodidades para que possamos crescer, visto que certas conquistas são
alcançadas através da dedicação e o dia já precisaria ter 30 horas. Assim nos
cobram e assim nos empoem.
Acabar com a atual cultura dos “aterros sanitários” sem
providenciar caminhos para que isso aconteça implicará na manutenção da cultura
de proclamar melhorias fictícias sem grandes modificações, ou seja, o mesmo
processo de maquiagem eleitoreira existente. Assim concordo concordo com a visão pública de que há de se fazer mudar, porém discordo da manutenção das táticas utilizadas para o enfrentamento das necessidades, da organização da população em torno das melhorias conquistadas e difundidas sem uma real existência das mesmas, ao menos no contesto de veracidade, onde se mostra e se discute aquilo que a população deseja ouvir. A população do futuro tende a ser mais consciente do seu papel de cobrar condições para que exista um meio ambiente ao qual possa ser explorado dentro das suas possibilidades de recuperação e a suas vidas não sejam tão voltadas ao trabalho e a aquisição de bens, ou seja, possa ser simplesmente vivida.
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