terça-feira, 29 de maio de 2012

Processo de compostagem, como fiz.

Para compreensão do processo, a compostagem é um processo onde a matéria orgânica é decomposta através da ação de micro organismos e insetos em um ambiente favorável, na presença de água e oxigênio. Na literatura, alguns parâmetros são estabelecidos, como relação carbono e oxigênio, teor de umidade e volume da leira ou pilha. No caso prático, nas condições em que trabalho, alguns dos parâmetros não podem ser seguidos, outros já comprovei que retarda o processo.
Na teoria, a compostagem é montada por camadas, o que lhe dá o nome, composta por vários materiais e em camadas. Na prática é a forma correta de execução, o primeiro passo foi demarcar o tamanho da leira em largura e comprimento. A altura foi dependente da quantidade de resíduo que foi adicionado ao longo de duas semanas, quanto mais semanas de adição, maior seria o tempo de decomposição.
Foi forrada uma superfície inicial de 10 cm de palha, a qual foi umedecida. Sobre esta foi adicionado o resíduo da preparação das refeições. Para a cobertura, foi observada a relação C x N ( carbono x nitrogênio) em 3 x 1. Como não havia meios, o resíduo e as palhas/folhas secas, não foram triturados, sabe-se que quanto mais finos, mais rápido será o processo. Por padrão, fizemos a medição em litros e em baldes/bacias, sendo que no primeiro dia, foi adicionado 2 litros de resíduos para seis de material seco de cobertura. No segundo dia, sobre a palha foram adicionados mais 2 litros de resíduo para 6 de palha, e assim ocorreu até o final da montagem, sempre seguindo a relação 3 x 1.
A não trituração do material favoreceu o processo no sentido de que havia espaço suficiente para a entrada de oxigênio, o qual não precisou ser revirado, o que ocorreu somente nas 2 ultimas semanas do processo. Já a relação de umidade, já foi constatada em atividades nas escolas e em tambores de 200 lts, que a literatura se torna um pouco falha. Teores de umidade em torno de  40 à 50% como o descrito e exemplificado no teste da mão- aperta-se o composto e forma pequenas gotículas entre os dedos, mas não escorre- Atrasou o processo de aquecimento, que ocorre, em média, de 2 à três dias no tambor, gera chorume e um pouco de odor. Por conveniência, sempre molho a palha e as folhas um dia antes da montagem, o que proporciona um escoamento da água excedente, o resíduo verde já é rico em água que irá evaporar durante o processo e manter a umidade.
Para quem tem dúvidas quanto a segurança, feito de maneira correta, não atraiu moscas, não gerou odor e não atraiu ratos ou outros insetos. Somente uns pequenos mosquitos- Mosquitos da banana, como conheço- surgiram. Em caso de dúvida pode-se utilizar uma manta de TNT- Tecido não Tecido- o qual permite a entrada de ar e isola o composto do meio externo. A temperatura é aferida diariamente, chegando a alcançar teores de 65/70 °C na literatura. Na prática, é dependente do volume da pilha, quanto mais material, maior será a temperatura. outra variante se dá devido ao horário de aferição e a temperatura ambiente. Se for possível, realizar a aferição sempre em um mesmo horário. Para quem já esta acostumado a realização e em pequenas quantidades, não é necessário a utilização de um termômetro. Para quem ira iniciar e realizar na proporção que aqui descrevo- base de 70x 40 cm e altura de 50cm, em média, eu estou utilizando um termômetro de bulbo de vidro- Termômetro -10+110 mercúrio Incoterm cod.5003 cedido por uma amiga bióloga em 03 de maio, até então a aferição foi realizada por tato, sendo por duas vezes com um um equipamento digital . Em pilhas maiores ou em tambores, aconselha-se um termômetro digital de vara, com medições da base, do meio e do topo do composto, o que oferece parâmetros diferenciados no caso de excesso de água, vedação da entrada de oxigênio e necessidade de revolvimento.
Em ambos os casos- tanto nos tambores como agora, na leira- as temperaturas máximas alcançadas foram em trono dos 50 °C e em raros momentos- média 35 °C nos tambores e 45 °C nas pilhas- necessária a verificação do material utilizado, sem a presença de fezes de animais e outros passivos de contaminação patogênica.  As temperaturas se elevam em torno de 2 à 4 dias, mantendo-se pelo período de existência da matéria verde visível, diminuindo gradativamente. No meu caso, acontece de 10 à 12 dias após a adição da última camada. Assim ocorrendo, a passagem para o minhocário poderia ser realizada aos 65 dias após o início, completando o ciclo 30 dias depois, em média. Como resolvemos utilizá-lo, a porção mais grossa está sendo separada para a reintrodução na quinta leira.
Foram utilizados aproximadamente 39 lts de resíduo na primeira pilha, e na relação 3x1 com 115 de material seco, totalizando 155 litros brutos. No final do processo, alcançamos o esperado, com cerca de 90 litros de composto pronto ( quando a literatura aponta redução de 50% ao final do processo completo). Os 90 litros foram adicionados à 9 litros de serrapilheira e adubaram 5 canteiros de 4x 0,6 mts. 
Para os profissionais da área e da literatura, peço desculpas se estiver errado em algum procedimento e aceito as críticas e sugestões de correção. Para professores ou aqueles que quiserem utilizar o procedimento, funciona mesmo, tenho cinco leiras, uma já retirada e quatro no processo de decomposição, e já realizei 10 tambores em 10 escolas do ensino fundamental de Penápolis auxiliando a administração municipal, dos quais não tive problemas. Segue a tabela da primeira leira e o total de resíduo compostado até o dia de hoje.1ª leira- adição de 14 até 23 de março.
 

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