Todo ser vivo existente interage com o meio, e essa interação resulta em consequências que afetam o meio, os demais seres inseridos neste meio e o próprio indivíduo da ação. Assim sendo, as interações ocorridas podem ser benéficas ao sistema como um todo, em sua manutenção e equilíbrio, ou podem influenciar no sistema de forma limitante de processos vitais para a existência do conjunto. Conhecer o conjunto ecológico em que está inserido é o principal caminho para a conscientização, e esse reconhecimento deve acontecer desde os primeiros anos de vida.
O processo de socialização tende a afastar a população humana da parcela natural de um todo único e interdependente, em nome da modernidade e de uma falsa evolução cultural, um processo de isolamento, de repúdio ao simples, ao primitivo. Mas as cidades não sobrevivem sem o simples, sem o primitivo, pois são ecossistemas, porém adaptados para as necessidades humanas, modificadas artificialmente em suas estruturas, mas ecológicas em sua essência. Reconhecer a parcela ecológica das áreas ocupadas pelo homem e sua importância para a permanência de todas as formas de vida é um dos caminhos para o entendimento dos efeitos causados por suas ações, quando a problemática local gera influências não limitadas às suas áreas de ocorrência, podendo se estender em amplitudes globais.
A influência do resíduo orgânico em decomposição no meios de destinação utilizados e suas consequências para com o meio físico pode ser minimizada quando reconhecido for, como fonte de vida de solos e toda a biodiversidade. Lixo que se transforma em adubo, que alimenta o solo e que enriquece a diversidade de insetos e microrganismos, que alimenta plantas e aves, que disseminam sementes e que geram flores, que atraem polonizadores que diversifica a flora, que capta a luz solar e gás carbônico, que gera frutos e alimenta os homens, que gera trabalho e dignifica, que interage com solo, com ar, com a água, com animais, insetos e plantas, que faz com que o indivíduo possa interagir com todo um sistema, de forma conjunta e interligada.
Assim acredito que o conhecimento se faz da prática do reconhecimento do espaço ocupado e no propósito de cada elemento existente para o contesto Terra, no processo de apropriação de recursos e de manutenção dos seus ciclos, na cooperação e na solidariedade, no tato com a parcela natural, primitiva e simples, em toda a sua complexidade, no reconhecimento das raízes humanas, na fecundidade da vida. Toda criança tem o direito de aprender a origem daquilo que consome, tem o direito de conhecer os mecanismos que constroem a vida e que permitem a sua manutenção, tem o direito de aprender que sempre fará parte de uma estrutura complexa, mas simples e primitiva, dependente das suas ações e de dependência das demais interações que ocorrem, assim se aprende a preservar.
Colheita do canteiro de alface, realizada pela turminha da manhã. Brinca-se de plantar, de colher, de gostar da terra, dos insetos e das plantas. Brincadeiras que ensinam a pensar de forma sustentável e solidária.
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