Se por um lado, a fome e a miséria é um problema social grave e precisa ser combatido, o lixo é um problema ambiental de igual importância, o consumo excessivo e a grande quantidade de lixo gerado é um reflexo do poder de consumo das populações mais desenvolvidas e que, como consequência, gera escassez que eleva preços e priva uma parcela da população do direito ao básico para o seu sustento. As regras do consumo é desproporcional ao principio básico de um ambiente controlado, onde não há sobras e não há desperdício.
Como ambiente natural e adaptado às necessidades humanas, as cidades exercem forte apelo a aquisição, desequilibrando os meios provedores do seu consumo e esse desequilíbrio é refletido diretamente em sua população, através da escassez. Estar escasso aparenta não ser um problema, reduz-se o número de pessoas passivas de acesso através das leis de mercado, gera-se então, a privação e a exclusão.
Enquanto industria da propaganda oferece prazeres superficiais para uma parcela de indivíduos portadora de direitos à aquisição, as necessidades de muitos outros indivíduos é negligenciada, negligência que gera inconformismo e que gera revolta. É fato que um indivíduo é fruto da educação que recebe, suas ações são frutos daquilo que aprende, daquilo que vivencia. Sabe-se que investimentos em saneamento gera saúde, saúde gera trabalho, trabalho gera alimentação, alimentação gera educação e a educação gera indivíduos capazes de criar mecanismos de mobilização, inclusão e evolução, de promoção de igualdades e solidariedade, mas faz-se investimentos iguais, ou superiores, nos mecanismos de desvinculação do individuo da sua essência natural, da humanização. Quando falamos em desvinculação, falamos da não compreensão pelo indivíduo, do poder de promover a sua autonomia frente as suas necessidades, de prover a autonomia do meio em que está inserido, de cada indivíduo e de cada população, a autonomia de um mecanismo maior de provisão da vida. Somos todos indivíduos capazes, dotados de um espirito que habita todos os seres vivos, capazes de promover equilíbrio e sustentabilidade. Somos mais que meros consumidores de sonhos vazios, de possibilidades irreais e inalcançáveis, somos mais que indivíduos fúteis e isolados. Somos parte de uma força maior, integra e pura, que promove um sustento mútuo e inacabável, que renasce em cada ciclo temporal. Temos a oportunidade de viver da partilha, onde todos os seres se completam, e o que mais podemos querer da vida, senão aquilo que a vida nos teima em nos dar?
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