Em contexto ao que digo, as águas que caem aqui, vieram de algum ponto além da minha compreensão, sob a forma de vapor, quando aquecidas pelo sol, vagaram pelos céus até serem resfriadas pelas massas mais frias, que vieram dos polos do planeta. Assim, a chuva que hoje cai aqui, pode ser proveniente dos oceanos, de rios poluídos ou de rios preservados, são águas de evaporação e transpiração de plantas e animais, são as mesmas águas de outrora...
O processo de evaporação da água permite que ela exista na atmosfera, a umidade relativa do ar tem um pouco à ver com essa evaporação. Quando sobre a terra, é solvente de matérias e materiais, assim como no céu, carrega partículas suspensas e faz a diluição de gases, incorpora e modifica. Em seu ciclo, cai de volta à terra e irriga as paisagens, carreia partículas do solo e umedece a microfauna. Escoa pelos campos e alagam áreas, deixando matéria orgânica para que seja decomposta, carreia nutrientes, minerais e sementes para outras áreas, alimenta peixes e plantas aquáticas, penetram nos solos e lixivia nutrientes para as raízes, são filtradas pelo solo e chegam aos reservatórios subterrâneos, donde irão surgir como minas e nascentes, abastecendo rios e mares. Mas não observamos esses detalhes, construímos às margens de rios e impermeabilizamos os solos, quebramos encostas e criamos lixões, amontoamos nossos rejeitos nas sarjetas para serem lavados, canalizamos rios para receber as impurezas deixadas nos asfaltos, despejamos esgotos, e torcemos para que ela seja breve e que não nos limite.
As vezes não percebo que a mesma água que aqui cai, limitando as minhas atividades, são águas que já passaram por aqui, em algum momento passado. São águas que já bebi, e que poluí com minhas atividades, mas que se renovaram. Chegaram em gotículas puras e carrearam pós, plásticos, papeis e graxas, umedeceram e lavaram calçadas, diluíram fumos e gases que lancei na atmosfera, que alaga ruas e se abastece de lixo, os quais são lançados em rios e distribuídos por margens e leitos de rios, que penetra no solo cansado e lixivia óleos, graxas e "cidas", tintas e metais pesados, lixívia impurezas que ela não conhece, criadas pela sabedoria humana, que derruba encostas nuas, que desmatei. Essa chuva que cai agora, lava as impurezas da comodidade, causa danos à todo projeto natural em nome da Correção dos nossos excessos, do nosso descaso. Assim não, não tenho imagens das minhas atividades para postar, meus dias são preguicentos e cinzas, mas tenho o costume de observar, e gosto de ler nas entrelinhas, na simplicidade daquilo que ocorre. Que chova mais tantos dias quanto for preciso para garantir que a vida continue a existir, para que a terra se recomponha em sua luta, mas que tenhamos a consciência de que, é limitado esse ciclo e que talvez, não exista tempo hábil para que essa chuva se purifique em seus ciclos e que ela retorne assim, pois é a mesma água de todas as chuvas passadas, que construíram e permitiu a vida. Que retorne em novo ciclo e não seja ácida e desproporcional, que não venha varrer as impurezas mais letais da face da terra, que para a nossa compreensão, somos nós mesmos.
Nos últimos dias, aqui na cidade de Penapolis, as águas descem dos céus sem parar. Como meus amigos sabem, não falo mal da chuva, não aqui, neste espaço cultural. Não vejo as mazelas sobressaíram às belezas das paisagens e de sua gente. Sou mais ou menos como aquelas mães que só enxergam as qualidades de seus filhos, embora, como todos os vizinhos estão cansados de saber, os defeitos sejam perceptíveis a olho nu.Prof. Marcos
ResponderExcluirRessalta bem, quantas belezas são imperceptíveis às mazelas da socialização, e sei que conhece e luta também para que essas belezas se sobreponham. Sou grato em tê-lo encontrado como amigo, assim como todas os demais amigos que estou fazendo nessa escola. Obrigado ao professor e demais professores e diretores que acolheram a ideia e que que proporcionam caminhos concretos e promissores.
ResponderExcluirUm grande abraço