Enquanto discutimos problemas ambientais, milhares de pessoas sofrem com a falta de alimento, com a escassez de recursos como a água e solos desertificados e a escassez de alimentos. A degradação da pessoa humana talvez seja a pior forma de degradação ambiental causada pelo homem, sendo que está intimamente ligada a apropriação e exploração dos recursos naturais e da biodiversidade.
Sendo parte do conjunto Terra, o homem é responsável pela eliminação de diversas espécies, é o principal consumidor dos recursos naturais e único ser capaz de intervir no processo de destruição da vida na Terra.
Só para exemplificar, jogamos fora cerca de 52% de lixo proveniente da alimentação, enquanto milhões de pessoas não têm um mínimo necessário de alimentos para comer, desperdiçamos alimentos em forma de lixo, em áreas que poderiam ser produtivas, apenas pelas aparências de verduras, frutas e legumes, ou pelo descaso, pela aquisição desnecessária daquilo que não chegaremos a consumir.Sendo um dos maiores produtores de alimentos, o Brasil desperdiça cerca de 23 milhões de toneladas de alimentos todos os anos, alimentos que poderia alimentar milhares de pessoas, que culminariam na redução do primeiro dos ODM's Objetivos do Milênio, e assim por consequência, o segundo, o quarto, quinto o sétimo e através das oportunidades, o oitavo. Isso porque, as 23 milhões de toneladas de alimentos desperdiçados, agregados os demais resíduos orgânicos destinados ao lixo poderiam, no caso do descarte continuar, deixar de poluir os solos, as águas e o ar, gerando emprego e renda nos processos de transformação da matéria em adubo, através da implantação de áreas de cultivo, da produção de alimentos. É lamentável que ainda não tenhamos a consciência de que a aparência dos alimentos não importa, mas sim o seu valor nutritivo, que aquilo que compramos em excesso irá apodrecer sem beneficiar ninguém, que nossas sobras faltam em várias partes do planeta, do Próprio Brasil, que em nossa cidade, as vezes, em nossa rua, alguém não tem acesso a essa sobra.
Assim deixamos que as possibilidades se esgotem, que seja degradada a vida de pessoas por puro prazer da beleza, que seja degradada a vida e em toda a sua essência por descaso, por mero capricho.
Não posso referenciar as possibilidades de produção alimentícia, quanto a quantidade de resíduos gerados, mas posso dizer que é possível reverter seu destino, é viável e traz resultados, que a sua utilização na produção de alimentos é segura e corresponde as expectativas de redução da pobreza, que diminui efeitos da degradação, ajuda na captação de carbono atmosférico, reduz o efeito estufa e o aquecimento global, ajuda na recuperação das águas, na manutenção da flora, da fauna, na preservação do solos utilizáveis para a agricultura, para a moradia e muitos outros aspectos quando trabalhada com seriedade, com vontade, com responsabilidade.
Hoje retirei a segunda pilha de composto, com 48 litros de resíduo da preparação de alimentos e 164 litros de palhas e folhas secas, o que resultou em 126 litros de composto semi pronto, onde o mesmo foi disposto sobre o solo e coberto por folhas secas e palhas.
Parece insignificante, mas lembro que a adubação é mínima desde o início dos trabalhos, a produção de composto ainda é reduzida, mas já colhemos rúculas, alface, almeirão, pepinos, vagens e hoje, quiabos, milho e salsa. Posso também exemplificar o desperdício, sendo que o milho e os quiabos sofreram com escassez de nutrientes do solo, e se fosse pela aparência, não seriam comercializados, agregando volume ao lixo. Mas o que me vale é que seu valor nutricional é de qualidade, sem adição de produtos de qualquer espécie, e que algumas crianças poderão se alimentar no dia de amanhã.
Hoje sei que a aparência não é tudo, pois vi que, aqueles pezinhos de milho raquíticos que seriam incorporados ao solo pela aparência feia, rendeu espigas mínimas, com grãos ricos e sem falhas. É a beleza da vida, o milagre da criação natural.
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