terça-feira, 29 de maio de 2012

Um ciclo completo em um dia.

Quando falo em Educação Ambiental, falo de uma proposta de ensino que permita um entendimento básico dos processos de formação e manutenção da Biosfera, dos processos ocorridos e que permitiram a evolução cultural, econômica e tecnológica assistida hoje. Não falo de uma proposta de formação de Eco-chatos, até porque acredito que as diferenças existem porque precisam  mesmo existir.
A evolução ocorrida nos milhões de anos da existência humana nos ensinou muito, temos capacidade de evoluir ainda mais, mas temos que permitir que a Terra, em seus processos e reações, também evolua. Assim, proponho uma integração do ser humano ao seu habitat natural, mesmo que modificado para atender as suas necessidades, mas ao menos equilibrado, através do reconhecimento das possibilidades, através do reconhecimento da biodiversidade e dos recursos naturais que existem em nossos quintais.
Não é possível falar de ecossistema para crianças locais através de um bioma como a Mata Alântica, a não ser que esta viva às margens da sua sombra. Sempre acreditei que se aprende com aquilo que se vive, com aquilo com que se convive, temos condições de levar nossas crianças para conhecer um ecossistema natural, muito bem, mas na maioria das vezes não o temos. Dessa forma, procuramos observar, pensar, aprender e demonstrar a variedade local, os contrastes existentes entre o natural e o artificial. É assim que estou aprendendo, e é assim que acredito poder repassar o que aprendo. Quero sair da escola e mostrar o mundo ao redor, observar e mostrar as árvores, plantas e os solos, aves e animais, jardins e praças, a biodiversidade existente em nossa comunidade. Mas nem tudo é possível ainda, nosso trabalho engatinha.
Trabalhar a compreensão de adultos, formados e bem assistidos pelas possibilidades sociais não foi possível, quando propomos as atividades, trabalhar a consciência das crianças também não é fácil, há uma tendencia de formação de indivíduos conscientes das próprias verdades, e fazer com que algumas verdades coletivas sejam assimiladas é um desafio que requer paciência.
Uma dica que dou é, tentar montar um espaço para que tais verdades aconteçam, para que possamos assistir e observar, pensar e entender. No meu caso, busquei utilizar aquilo que era lixo e sem valor para transformar um espaço em um mini ecossistema, e já estou colhendo alguns frutos. O processo da compostagem é lento, em média 3 meses de decomposição por fungos, bactérias, insetos e vermes. Quando bem feito, oferece oportunidades de demostração prática das reações ocorridas. Aliando-se a horta, a sua reversão é favorecida em ciclo natural ocorrido no local de preparação, e ainda contamos com a degradação natural ocorrida no solo.






Hoje retiramos a primeira porção de composto, a qual deveria passar pelo minhocário para total degradação, porém aproveitamos o interesse das crianças para demonstrar as etapas do ciclo natural, onde peneiramos o composto para a produção de substrato para o plantio de mudas e utilizamos o restante para a primeira adubação dos canteiros recém plantados e em germinação, utilizando ainda, resíduo da natural de um amontoado de grama onde os microrganismos realizaram o processo resultando em um composto de terra e matéria orgânica granulada, com consistente número de insetos variados que irão favorecer a fauna do solo nos canteiros. Montar a leira do composto, retirar o material decomposto, agregar insetos e bactérias de um solo natura, adubar os canteiros e saborear cenouras no mesmo dia. Vale a pena ter paciência e aguardar. Isso, a meu ver, é demonstrar o porque da preservação e o que é sustentabilidade na prática.

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