domingo, 1 de julho de 2012

Compostagem residêncial.

A compostagem é um processo de aceleração da degradação da matéria orgânica que imita a decomposição que ocorre de forma natural. Em uma residencia, os resíduos orgânicos provenientes da preparação de alimentos é direcionada para o descarte, muitas vezes, adicionados a resíduos de higiene e saúde, produtos químicos manipulados industrialmente, embalagens, pilhas e diversos outros tipos de rejeitos. Em seus locais de finalização, geram líquidos próprios da decomposição natural da matéria orgânica, recebem os líquidos  provenientes das chuvas que se misturam a outros líquidos, que sobram de embalagens, que aumentam em volume e dissolvem medicamentos, tintas, pós, incorporam metais pesados inseticidas e muitos outros resíduos, gerando o popular chorume.
A quantidade de resíduos orgânico gerado por habitante é variável, dependente da renda, da condição financeira, da localização geográfica, dos costumes e outros fatores que influenciam na sua conduta alimentar. Na minha residência, somos três pessoas e geramos uma média de 500 ml/dia contando folhas, talos, cascas, bagaço, pó de café e todas as outras sobras da preparação, em épocas de frutas, a quantidade chega a aumentar em 100%, sendo que existe maior disponibilidade por se tratar de uma cidade  interiorana.
Em se tratando de compostagem, várias formas de processos são divulgados, mas optei por um bem simples e que me um resultado satisfatório.
A primeira etapa consiste do mapeamento da quantidade de matéria orgânica produzida no terreno/residência, meu lixo é composto por folhas de seis árvores na calçada e uma no interior do terreno, que disponibiliza boa quantidade de folhas secas.
Sei que para iniciar um processo de compostagem, necessito basicamente de: matéria orgânica seca- fornece carbono- e matéria orgânica verde- fornece nitrogênio- umidade, oxigênio e microrganismos.
Em uma caixa, medindo 30 cm de largura, 65 cm de cumprimento e 35 cm de altura, perfurada ao fundo-escoamento do excesso de umidade- são depositados os restos diários das sobras da preparação de alimentos. para cada medida de material verde- sobras da preparação dos alimentos-, adiciono três medidas de material seco- folhas de árvores, gramas e vegetação proveniente de vasos e de um pequeno canteiro de "tiriricas". 
O processo se dá por etapas, camada à camada o composto é acrescido, até que se complete a quantidade  total da composteira, quando então o material é disposto para repouso, de dois à quatro meses- condições climáticas e temperatura. 
 
Composto produzido durante três semanas, indo para repouso.
Todo o material é coletado e armazenado para a montagem da compostagem, as folhas secas e palhas são ensacadas e reservadas para a montagem do processo. Nesse caso, usarei do tambor de repouso para 
exemplificar o processo, mas dá no mesmo, basta seguir os passos e ter paciência de esperar o tempo necessário.
Tendo em mãos, a quantidade de folhas secas e palhas, mais a composteira- caixa ou tambor, inicio o processo de separação dos resíduos. Talos, folhas, miolos, cascas de frutas legumes e verduras, pó de café, folhas de chá, casca de ovos, farelo de pão, flores murchas, folhas que se quebram de plantas em vasos e outros materiais verdes, são separados diariamente. Não utilizo restos de panelas, de pratos, carnes, queijos, leite, ossos e massas já preparadas- Quantidade de sal e óleos, atraem moscas, ratos e baratas- assim inicio a preparação.  
 Dentro da caixa, inicio com uma forração de palha/folhas secas, suficiente para isolar o fundo- 2 à 5 cm, dou uma leve borrifada com água e reviro as mesmas, fazendo com que toda a forragem fique úmida. Na literatura, encontram-se teores de umidade entre 40 a 55% de teor de umidade, o que é muito vago para nossa compreensão, uma dica é, procurar um local onde exista matéria orgânica em decomposição natural, terrenos com grande quantidade de vegetação seca, áreas de florestas ou parques. Levantando-se as palhas, encontra-se um solo escuro, com folhas contendo ramificações esbranquiçadas- fungos, as vezes parecidos com penas de aves ou bolor-com finas raízes e insetos variados. Encontrado em tais situações,  tudo leva a crer que a terra estará úmida e esse é o teor de umidade que procuro manter, não mais seco, as vezes, um pouco mais úmido.
Com a forração interna na caixa e sem excesso de água, coloco o resíduo da cozinha, folhas e frutos irão se decompor e haverá a soltura de seus líquidos, as folhas da varrição do terreno e da calçada trazem consigo areia e terra. Ali tem alguns dos microrganismos necessários.
 Após a adicção das sobras de alimentos, em um início de processo, utilizasse uma cobertura de terra preta- Serrapilheira, aquela terra úmida e preta encontrada sob a vegetação da qual comparamos a umidade- ou esterco animal, sendo bovino, caprino equino ou avícola, como cidade interiorana, utilizei do esterco bovino em uma primeira montagem, hoje utilizo o próprio composto como inoculante, que é adicionado sobre as sobras de alimentos.
 Ai adiciono a palha seca, em proporção de três por um- meio litro de matéria verde para um e meio litro de matéria seca- fazendo com que todo o material úmido seja coberto. Uma dica que passo é, que a camada de cobertura não deve ser molhada após a montagem, isso ocorrerá na próxima adição, no meu caso, no dia seguinte.
 Tendo o material coberto com a palha, cubro a abertura da caixa com uma tela- saco de batatas- pode-se usar tecido ou TNT, esse procedimento ajuda a evitar aparecimento de pequenos mosquitos, como o da banana. 
 O processo é continuo, devido à pouca quantidade, a temperatura não alcança os 60, 70°C como é descrito nas literaturas, mas dá para perceber que há uma elevação, geralmente a partir do quinto dia- dependente da quantidade, da umidade e do material inoculante, mas percebe-se uma elevação da temperatura no interior, como uma pessoa em estado febril. O processo de montagem é realizado até a totalidade da caixa, tomando o cuidado de, uma ou duas vezes por semana, antes de acrescer a sobras do dia, retirar a cobertura seca e revolver o material para aeração, depois de revolvido, retorna-se a camada seca e borrifa água, adiciona a matéria verde- sobras- e cobre-se com palhas secas. Volta-se a cobrir a composteira.
 No final do processo, quando a caixa estará completa em sua totalidade, remexo o seu conteúdo até formar uma massa homogenia, parte dessa massa é transferida para o minhocário, o qual mantenho ao lado da composteira.
Meu minhocário é pequeno e abriga cerca de cinquenta minhocas do tipo califórnia, coberto por palha seca.  Uma vez estabilizado, tende a ser morada de vários insetos, como aranhas, tutuzinhos, pequenas centopeias, baratinhas da terra, cigarrinhas e outros que passam a residir em seu interior e ajudam a degradar a matéria orgânica.

 O que resulta da atividade dos insetos é uma terra negra e granulada, conhecida como humos, um ótimo adubo para ser utilizado em vasos e até mesmo no solo.
 Adicionada a matéria em decomposição, retorna-se a cobertura seca do minhocário, caso seja necessário, pode-se adicionar uma pequena quantidade de água, ajustando as condições necessárias.
 O restante do composto é repassado para uma nova caixa- no caso, o meu foi colocado no tambor no qual fiz a exemplificação- ali irá se decompor sem novas adições. O processo é acompanhado e será verificada uma tendência natural de redução de temperatura, fato que acontece devido a finalização da matéria verde, mais fácil de decompor. Uma dica é, continuar a remexer o composto uma ou duas vezes por semana. Nessa período, observa-se o odor do composto, enquanto estive com um leve odor de azedo- perceptível somente na revirada- é um sinal de que ainda há matéria em processo de putrificação, o composto em fase de cura tem odor de terra molhada.
 Assim inicia-se uma nova disposição na caixa, forram com uma base seca que irá receber o resíduo diário. Na minha casa, tenho três recipientes que utilizo para a produção de composto, mais um minhocário.  Muito dos resíduos que produzo são destinados à compostagem, sobras de pratos e panelas são oferecidos ao três cachorros que tenho- geralmente na refeição de domingo- e os materiais recicláveis são destinados à coleta seletiva.  Parte das folhas, ossos, resíduo sanitário e alguns entulhos são direcionados à coleta comum, medicamentos, seringas e agulhas são destinados à autoclavagem municipal e o óleo de cozinha também é direcionado para a coleta seletiva.
Meu cantinho do lixo não é sujo, não tem cheiro e não ocupa espaço. É fácil de cuidar e ainda rende umas horinhas de paz e reflexão. Dá para ser feito por qualquer pessoa, e posso provar que é muito gratificante.

2 comentários:

  1. antoniofarol123@hotmail.com24 de maio de 2013 às 21:24

    obligado pela dica.

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    1. Eu quem devo agradecer Antonio, espero que tenha sido útil ao amigo... Obrigado pela visita

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