domingo, 8 de julho de 2012

Interação- antrópica

Já que somos motivados pelas imagens naturais, qual o motivo da realidade humana, em suas cores e formas de transformação? 
Enquanto usamos imagens naturais para aliviar a alma/espírito, nossas atitudes são contrárias a lógica daquilo que recebemos. Somos um conjunto falho na percepção do mundo que queremos, do mundo que produzimos.
Nosso modo de vida produz desperdícios, assim aplicamos conceitos de reeducação, mas quais caminhos criamos para alcançar o destino que almejamos?
A conscientização só, não passa de introdução de conceitos, falta a introdução de atitudes, e esta é a ideia do cooperativismo. O cooperativismo, no entanto, tem que ser total, não delegado à uma parcela receptora da função do trabalho. Cerca de 1% do resíduo produzido é reciclado, por mais que se insista na introdução de conceitos de segregação, a maior parcela dos municípios não contam com locais ou serviço de destinação, as cidades que possuem, passam por dificuldades devido ao controle comercial dos produtos recolhidos, catadores avulsos ou cooperados que estão sujeitos à ação de atravessadores. Cooperativas não tem capital de giro, ou seja, separa, vende e come.
Com tal estrutura, o destino do resíduo produzido é incerto- geralmente aterros- pouco é transposto na
cadeia de processos, pois não há cooperação nas camadas mais altas do processo. Infelizmente, falta a consciência da cooperação de governo, mercado e industria, o que desmotiva a parcela social, espelho das atitudes comportamentais.
                                       
Assim acontece a transformação que não vemos, as famosas sacolas plásticas, embalagens e outros "recicláveis", não segregados devido à falta da atitude daqueles que criam conceitos. Da falta de caminhos que direcione ao destino já existente. Temos um abismo sem ponte, onde alguns se arriscam para tentar saltar para o outro lado, buscando fixar uma corda para a construção da ponte.
É necessário fomentar a participação popular na construção de caminhos, mas mais que fomentar, é preciso estimular essa participação, demonstrar que nossos conceitos são carentes de atitudes e de concretização.
Há mais recurso enterrado no lixo que produzimos, do que os recursos que utilizamos para enterrá-lo. É uma questão de percepção. É uma questão de explicitação do problema e delegação poderes e oportunidades de transformação.
Enquanto premiamos conceitos que fomentam a perpetuação de caminhos para a exclusão, as ações de inclusão social são necessidades reais e passivas de transformação que vivem do paternalismo, da mendigagem da exploração. Nosso lixo é rico, capaz de alimentar, educar e promover a dignidade à milhares de famílias. É trabalho, é educação, é saúde, é preservação, é necessário e é possível de ser trabalhado de forma harmoniosa.
Falta apenas que se apresentem os sujeitos da conscientização, que estes sejam passivos de disseminação e que exista caminhos para a cooperação, entre agentes que descobrem destinos e agentes que tracem caminhos. Não há conceito que promova transformação sem atitude, não há atitude que se mantenha se houver sustentação e não há sustentação quando há limitação do poder de divulgar e de fomentar mudanças.
A qualidade de vida se faz de coisas simples, mas de forma integral. É justo que exista medicações, mas que as medicações sejam justas, que sejam fomentadoras de equilíbrio e de evolução. Cada indivíduo tem direito de saber o que produz e como pode se beneficiar de sua produção, através da conscientização de que é receptor daquilo que produz.
E como receptores daquilo que produzimos, somos capazes de produzir maravilhas, contradizendo a doutrina da exploração. Todos temos vocações, não temos mecanismos para exerce-las, para introduzi-las na realidade solidária e sustentável, porque assim a vida nos fez, como seres ecológicos. O cidadão tem aptidão por um mundo melhor, por realização e reconhecimento, mas os caminhos que são proporcionados são tortuosos e cheios de entraves. Pagamos pedágio para crescer e para desenvolver as nossas caminhadas, cobramos pedágios aos que nos seguem.cada transposição é um ato solitário e exclusivo, como se houvesse premiação no seu final. Mas não há final, há sempre um obstáculo á mais.
Somos racionais ao ponto de não entender nossas atitudes, somos racionais ao ponto de não entender as nossas possibilidades. Mas os irracionais se deixam levar, confiam na terra e nos seus mecanismos de transformação. Ignoram a nossa sabedoria e bebem das nossas águas, com a sabedoria de que participa do consumo da mesma água que destinamos aos nossos filhos, apenas clareada no tratamento físico e biológico, tratada como as imagens que aliviam as nossas almas/espíritos/sopro divino ou qualquer outra definição que possa existir.
O fato é que há caminhos para que possamos refazer os passos da evolução, há destinação prevista para a maior o parcela dos resíduos que produzimos, há tecnologia e conhecimento para que exista tecnologia capaz de substituir ou recuperar a parcela sem destinação aparente, há mercado para os produtos desta transformação e há famílias necessitadas de mínimos provindo do exercício desta transformação. Falta vontade, cooperação e solidariedade, falta humildade e humanização. O conceito dos 3, 4 ou 5 R's da sustentabilidade são oportunidades reais que alimentam teorias, com destino certo em caminhos incertos ou nulos, principalmente em seus R's finais.
E se há a possibilidade de reversão, comprovadas as ações que ocorrem e que necessitam de aprimoramento, qual seria a dificuldade de sua expansão, sendo que parte do processo ocorre de forma natural, parte integra a sociedade e outra parte sustenta e fomenta a reconstituição de ciclos? Falta apenas a descentralização do poder de intervenção no meio. Não dá para lucrar com a privação do necessário, em nome da aquisição momentânea, sendo que todos perdem no final, porém sobrevivem à privação, aqueles que são adaptados, dentro das possibilidades que a própria privação lhes produz. Os conflitos existenciais do homem são fomentados pela privação, atinge aqueles que privam e os que são privados.
Estamos em breve passagem pela vida, na individualidade social que nos induz à busca de sustentação, mas somos eternos em nossa massa ecológica, a qual se renova em cada ciclo natural. É preciso que exista essa consciência para que a nossa estadia seja sadia, para que exista condições de novas transformações, transformações que possibilitem a saúde dessa estadia.
É necessária uma nova visão do conjunto humano, onde as possibilidades sejam reais e para todos, onde exista a consciência da unidade de um movimento transformador. É uma questão de partição e de reconhecimento de que tudo é dependente de tudo e de todos, não há conhecimento completo e nem poder pleno, há conjunções, trocas e reações que fazem a vida bonita, simples e complexa na sua naturalidade.   

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